terça-feira, 19 de agosto de 2014

Sobre a poligamia e as facilidades na era do Whatsapp e do Tinder.


"Tudo é questão de fases!" - Já diria minha linda avó, em um de seus muitos minutos de ensinamentos, que eu particularmente adoro. 

Essa mesma avó me perguntou sobre o amor outro dia... E eu não fazia ideia do que responder. 
Como explicar pra uma pessoa de 70 anos que o amor já não existe mais? Que ele foi tomado pela facilidade de não amar, e das mil e umas mensagens - subjetivas ou não - no Whatsapp?
Respondi que ia bem - Bem longe de mim, e todo mundo feliz - Minha vó riu - E eu senti que qualquer outra resposta naquele momento cairia por terra. 

Um dia me dei conta que tinha alguma coisa fora do eixo. Obviamente a bateria do meu celular havia acabado de acabar, e me foram concedidas 02 horas inteiras dessa divina compreensão mundana. Normalmente eu estaria envolvida demais com as teclas do meu Smartphone. Mas ao esperar uma amiga num compromisso importante que fui acompanha-la, me vi pensando nas atuais conjunturas da humanidade.
A verdade é que a humanidade está meio perdida, e não me excluo dessa realidade não.
Três minutos depois que acordo encontro meu celular em algum lugar da minha grande cama. E ai dele não se sucumbir ao meu toque cego, e logo aparecer. Me sinto louca. Tarefa cumprida - a de achar o celular antes mesmo de acordar - Dou uma olhada na tela inicial:
27 Mensagens em 4 conversas no Whatsapp; 02 novos seguidores no Instagram, 03 curtidas naquela foto lindamente editada ontem, 01 conversa no Messenger e 07 novas atualizações no Facebook.
E eu?! Nem abri os olhos decentemente ainda. Coloco uma música e me ponho a destrinchar as atualizações  da minha vida virtual. Que pasmem, hoje em dia, não chega nem aos pés da real. 
Mas então vem alguém inconvenientemente e me pergunta: " Então porque criatura, ao acordar vais direto pro celular?" - Meu jovem, não é obvio? O começo de tudo se dá nas facilidades de comunicar com o Mundo inteirinho. Depois de todos os Bons Dias, e daqueles emoticons fofos, que facilitam tanto a minha melhor expressão de sentimentos para/com a humanidade, depois de responder os recadinhos, curtir os melhores looks do dia e programar todo o cronograma, já estou pronta pra acordar de fato, e enfrentar o mundo real.
Você já se sentiu na "fase" de precisar de muitos bons dias para completar o sorriso? E de copiar e colar aquela mensagem positiva e propagar o amor por ai? Meu amigo, eis o mundo que me encontro. Na verdade, sou apenas uma garota perdida nesse avalanche de sentimentos em forma de corações coloridos e carinhas felizes, na tela touch screen desse aparelhinho infernal. E não querendo me vitimar demais diante dos fatos, me declaro vítima do sistema.
Porque poxa, é assim que acontece...Ninguém escolhe ficar perdido atras desses botõezinhos, que nem são botõezinhos mais, de graça não !! É tudo questão de sobrevivência, no planeta dos macacos que se tocam pelas telas de vidro e não se abraçam mais! 
Okay, okay... o que todo esse discurso tem haver com a era Whapzatica e Tindernética? Vou lhe explicar.
Recentemente tive um relacionamento descomunalmente desastroso ( e quem me conhece minimamente, sabe bem disso), e depois de muito apanhar, decidi me libertar. Eis que lembrei, de um papo com um amigo, que nos tempos - longos tempos - de crise me mandou baixar um aplicativo chamado Tinder...E eu, que tava ali precisando de acalento, rsrs, e tinha Wifi liberado, não perdi tempo.
 Numa terça feira - porque terça feira é um dia horroroso, por estar longe demais do fim de semana e perto demais da segunda feira - desci de fato baixar aquele negocio. E a coisa me acometeu. Nos encontramos, o Tinder e eu...Em meados, viciei...
Criei um perfil, escolhi bem as frases pra não dar a ideia errônea de desesperada por um novo relacionamento - porque Deus me livre, sucumbir a essa tortura de me enganar novamentente pelos próximos 80 anos - e não querendo ainda parecer desesperada por sexo - porque eu não tava mesmo, obrigada por perguntar- como mais tarde meus amiguinhos tinderneticos viriam a me relatar ser comum com as pobres usuárias dessa ferramenta, mas tentando ser uma pessoa normal em meio a selva, fiz tudo o que o app necessitava e comecei a curtir.
Resumindo a minha vida útil no Tinder ( a mesma que interrompi por um tempo, por falta de tempo em controlar o fluxo): Tenho 195 combinações ( Em 02 meses e 08 dias de uso), 15 novos contatos no celular (daqueles 195), 03 potenciais Tinder-Principes no whatsapp e 01 amor platônico, pelo qual eu não sou apaixonada e sinto nada menos, nada mais que platonicidade  pelo sotaque paulista que me é de cair o queixo, e ponto. Resumidamente é isso. Sim meus objetivos foram plenamente alcançados nesse app. Até porque eles eram bem simples e pouco complexos, se resumindo a sair do meu ciclo social e me distrair enquanto o tempo se encarregava de passar a cola Super Bonder coração afora e limpar o recinto.
Devo ainda ressaltar, correndo o risco que se cansem, mas mesmo assim. Na minha vida real ainda, há um ser humano muito iluminado, que até o presente momento, compartilha a mesma filosofia ( e fase ) que eu, de não esperar nada, e não se doar além do suficiente, e temos um borogodó, erroneamente mais uma vez, nomeado pelos leigos-loucos de relacionamento aberto.
Me julguem !! Mas não se esqueçam, vai acontecer com você. Sim eu já amei como uma pessoa normal. Não amo mais...E isso não faz de mim uma péssima pessoa. Jamais.
A verdade toda é que hoje em dia está cada vez mais impossível amar uma pessoa só. Unica e exclusivamente por ter se tornado fácil demais amar todas, ou várias ao mesmo tempo.
Prestando a devida atenção, ouço relatos por ai, de que as relações monogâmicas estão com os dias contados. Acreditem em mim, também acho uma pena... Mas não há muito o que fazer. 
Portanto, sem delongas, e sem um final óbvio para essa situação desorientada, já tendo estourado meu número de palavras, deixo apenas um conselho: Se queres ser feliz nos próximos dias de sua vida Providencie seu smartphone, petrifique seu coração e entre na festa. E boa sorte nessa nova jornada!


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